
LOS ANGELES (AP) — Se você ouvir o novo álbum de Chrystabell & David Lynch, existe uma boa chance de que isso faça você sonhar.
Não que 'Cellophane Memories', a mais recente colaboração entre o autor e sua co-estrela de 'Twin Peaks: The Return', vai te fazer dormir — embora seu som sombrio e etéreo possa ajudar a te acalmar.
O diretor surrealista indicado ao Oscar por trás de 'Cidade dos Sonhos' e 'Veludo Azul' sempre enfatizou a importância de dedicar tempo para deixar sua imaginação vagar, especialmente quando se trata de criar arte.
Ele e Chrystabell ajudam os ouvintes a alcançar esse estado de contemplação com sua mais recente colaboração de 10 faixas. É difícil categorizar 'Cellophane Memories' dentro de um gênero, mas consiste em letras austeras e paisagens sonoras ambientes carregadas pela voz hipnótica e reverberada de Chrystabell.
Embora Lynch seja mais conhecido por sua cinematografia, esta não é a primeira incursão do diretor na música, nem seu primeiro projeto com Chrystabell. O par colabora em várias capacidades há décadas, começando com a música 'Polish Poem', que foi apresentada no filme de Lynch de 2006, 'Império dos Sonhos'.
Produzido e escrito por Lynch e engenheirado por Chrystabell, o álbum é o primeiro de Lynch desde a morte de seu parceiro criativo de longa data Angelo Badalamenti em 2022. O falecido compositor contribuiu para duas faixas — 'She Knew' e 'So Much Love' — que são ambas conduzidas pelo sintetizador de Badalamenti.
O álbum é um festim sonoro que, como muitos dos filmes de Lynch, desafia os limite de atenção modernos. Ouvir 'Cellophane Memories' parece fazer yoga, ou talvez meditação transcendental. O impulso de encontrar estímulos adicionais no momento é forte, mas o resultado, se você conseguir aguentar, é uma sensação de rejuvenescimento e energia criativa aumentada.
Grande parte do álbum parece que poderia ter saído diretamente de 'Twin Peaks'; alguém se pergunta se seu título é uma homenagem à garota morta final da série Laura Palmer sendo encontrada envolta em plástico. 'Cellophane Memories' até ocasionalmente emprega o familiar efeito de diálogo invertido usado em cenas na sala vermelha para transformar as vocais de Chrystabell em uma espécie de instrumento assustador — como na sombria 'Reflections in a Blade'.
Esperançosa e ansiando, às vezes perturbadora e até sórdida (particularmente 'The Answers to the Questions', graças ao seu ritmo lento e percussão em destaque), o álbum oscila entre luz e escuridão — temas que Lynch sempre foi ávido em explorar ao longo de sua carreira. Sua relação simbiótica com Chrystabell, cujo uso criativo e mixagem de sua própria voz eleva 'Cellophane Memories', é tangível neste álbum.