Por mais de uma década, os proprietários catarianos do Paris Saint-Germain gastaram de forma extravagante para atrair grandes estrelas.
O objetivo deles era tornar o clube lucrativo, apagar a imagem amadora de uma equipe frequentemente associada a hooligans, e construir um time competitivo capaz de conquistar a Liga dos Campeões.
Com receitas sem precedentes ultrapassando 800 milhões de euros (890 milhões de dólares) pela primeira vez no ano passado, eles conseguiram construir um crescimento sólido.
Também conseguiram eliminar a violência que muitas vezes tornava o ambiente no Parc des Princes tão tenso e hostil.
Eles também conseguiram trazer os maiores nomes do jogo para Paris. Jogadores como Zlatan Ibrahimovic, Lionel Messi, Neymar e Kylian Mbappé às vezes ofereciam uma visão da possibilidade de conquistar o maior torneio da Europa.
Mas a coroa da Liga dos Campeões permaneceu um sonho distante.
As superestrelas agora saíram do Parc des Princes, e pode parecer paradoxal, mas o clube pode estar mais bem equipado em sua busca pela glória continental.
Após as saídas de Messi para o Inter Miami e Neymar para o time saudita Al-Hilal nos anos anteriores, a saída de Mbappé para o Real Madrid neste verão marcou o fim de uma era no PSG, onde contar com as habilidades individuais de jogadores estrelas e gastar dinheiro têm sido a norma desde a aquisição pelos catarianos em 2011.
O grande vazio deixado por Mbappé não foi preenchido por mais uma estrela.
Em vez disso, o treinador Luis Enrique insistiu em moldar o que ele tinha. O projeto de Enrique faz sentido: Mbappé não pode ser duplicado, mas poderia ser substituído por um punhado de jogadores ofensivos capazes de marcar tanto, ou mais, do que o capitão da França fez.
"Para mim, isso é a continuação da última temporada," disse Enrique, que usou 21 jogadores em quatro jogos de liga francesa até agora. "Somos uma equipe jovem, é verdade. Mas estamos cheios de desejo e fome, o que é maravilhoso. Sou tão sortudo por ter esse tipo de elenco."
Enrique pediu a contratação de jogadores menos conhecidos, mas excelentes, em cada setor para criar competição e ter segundas opções em cada posição. Isso poderia ser ainda mais crucial nesta temporada, já que o novo formato da Liga dos Campeões verá mais times jogando mais jogos. O PSG inicia na quarta-feira contra o time espanhol Girona.
O PSG contratou o goleiro Matvey Safonov, o defensor altamente avaliado Willian Pacho e o promissor meio-campista João Neves, além do ponta Désiré Doué. Pacho impressionou no Eintracht Frankfurt enquanto o versátil Neves já conquistou 11 convocações com Portugal aos 19 anos.
Pacho e Neves rapidamente se entrosaram com a equipe e o PSG de nova aparência entregou imediatamente. Eles venceram seus quatro primeiros jogos para liderar a classificação da Ligue 1.
"O PSG é muito mais forte coletivamente do que no ano passado, todo mundo corre e defende," disse o técnico do Brest, Eric Roy, depois que seu time perdeu para o detentor do título francês por 3-1 no fim de semana. "Especialmente quando perdem a bola, eles exercem muita pressão."
A maior incógnita indo para a temporada foi a capacidade do PSG de manter um ataque potente sem seu melhor jogador. Com dois jogadores rápidos e poderosos nas pontas - Ousmane Dembélé e Badley Barcola - fazendo parceria com Marco Asensio em um papel falso de número 9, o PSG parece ter encontrado a resposta certa.
A equipe marcou 16 gols, sofrendo apenas três, e ostenta a melhor diferença de gols após quatro jogos da Ligue desde o Reims em 1952. Apenas o atacante do Marseille, Mason Greenwood, tem mais gols do que Barcola e Dembélé, enquanto João Neves lidera a liga com três assistências.
Mas apesar da dominância do PSG na liga francesa - vencendo em 10 das últimas 12 temporadas - ele chegou a apenas uma final da Liga dos Campeões desde a aquisição pela Qatar Sports Investments. Não é surpresa que Enrique não queira se empolgar.
Perguntado sobre a melhora percebida, ele disse: "Veremos no final da temporada o que a equipe conquistou."
